As bandas de pífano podem se tornar Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro. O instrumento de sopro ganhou destaque com a lendária Banda de Pífanos de Caruaru. O remanescente da formação original, Sebastião Biano, de 96 anos, foi o responsável por entregar - de forma simbólica - o documento que solicita o título junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Olinda, na Região Metropolitana do Recife. Segundo o Iphan, o processo de análise pode levar até 18 meses.
'V Tocando Pífanos' (Foto: Divulgação/Página 21)
A solicitação nasceu de uma pesquisa iniciada há dez anos por uma produtora. O documento foi entregue de forma simbólica no "V Tocando Pífanos", no início de outubro, e protocolado no dia 16. A iniciativa pede, entre outras demandas, políticas públicas voltadas à salvaguarda da manifestação musical, para que não entre em extinção.
O produtor Amaro Filho, que integra a pesquisa sobre as bandas de pífano, afirmou ao G1 que ações integradas são realizadas desde o início da pesquisa. Segundo ele, são feitas apresentações em escolas, formações de oficinas com ilustres do segmento, como João do Pife.
Dois livros sobre o tema foram lançados - "Pífanos do Agreste" e "Pífanos do Sertão" - e outros são preparados para lançamento. Amaro Filho explicou que os livros tratam da formação de pifeiros e das bandas do segmento em várias regiões de Pernambuco.
Outra iniciativa considerada importante para o reconhecimento foi o lançamento do primeiro CD de Sebastião Biano, que teve participação de Naná Vasconcelos. Para o produtor, o pífano se expandiu e não é uma manifestação restrita a Caruaru.
Patrimônio Imaterial
Para conquistar o título, o Iphan vai analisar a solicitação e o tempo mínimo de espera para o resultado é de 18 meses, segundo informou o técnico historiador do Instituto, Romero Oliveira. Ele explicou que a demora se dá porque podem aparecer ocorrências de bandas de pífanos em outros estados. Oliveira disse que a pesquisa, os livros e os CDs são importantes para embasar a decisão.
O historiador afirmou que caso o Iphan aceite o reconhecimento, todos que formam bandas de pífanos podem ter acesso a políticas públicas, aos programas do governo voltados ao segmento e ganhar visibilidade.