Não é um avião, nem um barco, mas sim uma nave que flutua a centímetros do solo e que exige alguma destreza física para ser pilotada. Um desafio à espera de interessados no primeiro e único parque de hovercrafts em Portugal, localizado na Mexilhoeira Grande, Portimão.
No Reino Unido chamam-lhe hovercraft, em Espanha aerodeslizador, e em Portugal ainda não há uma palavra específica no léxico para descrever um «veículo de colchão a ar». Na verdade, muito poucos conhecem este aparelho que sobrevoa qualquer superfície, seja terra, rio ou mar.
«O hovercraft é diferente de tudo o que as pessoas já conduziram ou experimentaram pilotar», explica Nuno Mourão, 45 anos, responsável pelo recém-inaugurado negócio. Um investimento privado de 300 mil euros que resulta num parque de seis hectares com três pistas de 300 metros, de dificuldade intermédia e três naves novinhas à espera que quem as queira acelerar.
«Somos o primeiro e o único parque de hovercrafts em Portugal», sublinha, orgulhoso. A frota é composta por máquinas monolugar capazes de se elevar a cerca de 20 centímetros do solo. São feitos de fibra, têm um motor a quatro tempos, de 630 centímetros cúbicos, que debitam 40 cavalos de potência. Isto significa que, em pista, atingem cerca de 30 a 40 quilómetros por hora devido aos aspetos técnicos do trajeto, mas em linha reta podem chegar a atingir os 70 quilómetros por hora. Gastam 10 litros de gasolina por hora e têm uma autonomia de cerca de duas horas.
Mourão é formado em mecatrónica – ramo da engenharia que aborda a manutenção, reparação e adaptação de equipamentos diversos, na área da eletricidade, eletrónica, controlo automático, robótica e mecânica – e foi responsável pelo Kartódromo do Autódromo Internacional do Algarve.
«Desde miúdo que adoro motores. Ainda jovem vi na televisão um campeonato de hovercraft, devia ser o ano de 1994, e nunca mais me esqueci», confidencia ao «barlavento». Permanece desde então a vontade de «ter uma pista ou parque de hovercrafts», sonho que veio a realizar a 31 de dezembro, dia da inauguração deste recinto desportivo.
Desde a ideia inicial até à sua concretização passaram dois anos. «Foi um processo muito burocrático, mas conseguimos. Fizemos um plano de negócios e decidimos avançar. A ideia é crescer pouco a pouco, de forma sustentável», explica.
As naves foram importadas a um fabricante líder de mercado no Reino Unido, custando aproximadamente 13 mil euros cada. Podem ser «pilotadas» por qualquer pessoa a partir dos 15 anos (com autorização), e um mínimo de 1,50 metros de altura. Os interessados têm de assinar um termo de responsabilidade, e antes de começarem a aventura na pista, fazerem uma pequena formação, dada através de um vídeo explicativo e um briefing, seguidos de exercícios práticos.
Dois instrutores acompanham todo o percurso em pista, prestando indicações úteis e conselhos. Os objetivos iniciais para modalidade no Algarve estão bem definidos: «queremos fomentar a prática e estimular quem tiver perfil a ingressar em corridas».
A competição e a organização de provas e eventos de hovercraft são prioridades a curto prazo e Mourão até já tem alguns locais privilegiados em mente. «Gostaria de organizar uma prova, por exemplo, na barragem de Silves. Seria um sítio ideal. Assim como o rio Arade, na zona de Ferragudo, daria um espetáculo fascinante. A grande vantagem é que organizar uma prova deste género envolve custos muito baixos, em comparação com provas de outros desportos motorizados», sublinha.
Regra geral, no estrangeiro, as provas são realizadas «em rios com aberturas». Já no Algarve «tem havido muito interesse, curiosidade e disponibilidade por parte dos municípios que contactámos no sentido de organizar futuros eventos de hovercraft». Outra das ambições é aumentar a «frota» de três para dez naves e abrir parques semelhantes ao do Algarve noutros pontos no país, nomeadamente, em Lisboa e no Porto. Quem quiser experimentar esta «máquina» pagará 45 euros por 20 minutos, 60 euros por 30 minutos, 90 euros por 45 minutos e 115 euros por uma hora.
O parque Hovertrack de Portimão está aberto todos os dias da semana, entre as 10 horas e as 18 horas. Para mais informações, contacte Nuno Mourão através do 935 884 430.