Há muito tempo desconfio que um amigo não é tão amigo assim. Mas como eu o admiro, tenho dificuldade em acreditar que a recíproca não seja verdadeira. E, porque me dói pensar que a verdade seja essa, vou me enganando pra não sofrer.
Já tive uma oportunidade de abrir os olhos, mas deixei um deles fechado. Nesse intrincado jogo de xadrez que é o relacionamento humano, soube por triangulação, que o que mantinha nossa amizade era o fato dele se achar espertíssimo por se aproveitar de mim sem que eu me desse conta. Em outras palavras, em minha testa estava tatuado TROUXA e só eu não percebia.
Recentemente tive a confirmação final. Uma amiga abriu seu coraçãozinho e disse: ele tem mesmo algum problema com você. Soltei o ar num longo suspiro. Agora não tinha mais jeito nem de me auto-enganar. O jeito era lidar com a verdade.
Se eu disser que não doeu nada, estarei mentido. Deu uma fisgada na dignidade. Mas depois, encarei e resolvi aceitar. Se é assim, assim é. Eu prefiro saber. É sempre melhor saber a verdade.
Porque quando você sabe a real, você pode tomar decisões para ir adiante, em vez de ficar espiralando que nem uma libélula desgovernada ou patinando feito um burro atolado.
A verdade renova, ilumina, solta; porque a tendência da gente é ficar botando amarras, pra ficar escorando a coisa que não tá parando em pé. Se não é, não é. Bum! Deixa implodir, deixa desmoronar.
A resposta pra perguntar do post é a soma das duas possibilidades: a verdade primeiro dói, depois liberta. Mas é só aquela dorzinha boa de quem tira o sapato aperta, a roupa que não serve, a algema que não mais nos pertence.
Xeque-mate.