UFMA

SÃO LUÍS - Prepare-se para o tapete vermelho: a entrega dos prêmios do Oscar 2018 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood ocorrerá no dia 4 de março deste ano e pode trazer várias surpresas aos amantes do cinema: nesta edição, nove produções concorrem à categoria de Melhor Filme. Para comentar alguns dos indicados, o diretor de Telejornalismo da TV UFMA, Bruno Gouveia, debateu os motivos que levaram as produções que destacou a merecerem suas indicações para a categoria mais aguardada da noite do Oscar.

Alexandre Bruno Gouveia é mestre em Cultura e Sociedade pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar de Cultura e Sociedade na UFMA. Também é jornalista da TV UFMA e diretor da produtora da Rock Filmes. Já teve participações no Festival Guarnicê de Cinema como ministrante de oficinas voltadas para o cinema.

Entre os selecionados que comentou, destacam-se quatro: The Post – A Guerra Secreta (The Post, de Steven Spielberg); A Forma da Água (The Shape of Water, de Guillermo del Toro); Dunkirk, de Christopher Nolan; e O Destino de Uma Nação (Darkest Hour, de Joe Wright).

Os quatro filmes abordam questões políticas históricas em seus roteiros: a Guerra do Vietnã no primeiro, a Guerra Fria no segundo e a Segunda Guerra Mundial nos dois últimos, respectivamente.

The Post – A Guerra Secreta (2017)

O filme trata sobre a publicação de um documento sigiloso por um jornal norte-americano que continha informações sigilosas sobre a Guerra do Vietnã. Bruno Gouveia explica que, além do início de uma nova era para Steven Spielberg, a produção jornalística abordada no filme expõe questões éticas e morais durante a cobertura de uma guerra.

“O ritmo do filme é lento, mas traz em suas falas similitudes da linguagem da produção jornalística, um prenúncio de que é preciso que a produção e os processos de investigação da notícia sejam feitos com calma. Fazendo um paralelo entre a sua maior obra, A Lista de Schindler (1993), que é quase um épico de sua própria aceitação de sua condição judia, e The Post, Spielberg marca uma nova era de produção cinematográfica”.

A Forma da Água (2017)

Outro filme que promete marcar um novo viés cinematográfico é A Forma da Água, filme que fala sobre a relação afetuosa de uma faxineira muda com um anfíbio humanoide preso em cativeiro pelo governo norte-americano. Segundo Gouveia, Guillermo del Toro conseguiu aperfeiçoar a abordagem fantasiosa de seus trabalhos anteriores neste filme, que é uma homenagem do diretor ao longa O Monstro da Lagoa Negra (1954).

“Del Toro gosta de trabalhar com o bizarro e o grotesco, considerando uma categoria estética forte em relação ao filme. A fotografia traduz muito isso. A Forma da Água é um apanhado do universo de Guillermo del Toro, uma grande reunião”, disse.

Dunkirk (2017)

Christopher Nolan caminha para se tornar mais um grande cânone dos diretores do cinema internacional com Dunkirk, película que aborda detalhes sobre a operação Dínamo, que ocorreu na cidade de Dunquerque, na França, durante a Segunda Guerra Mundial.

“Diferente de A Origem (2010) e Interestelar (2014), Nolan estabelece um nível de profundidade subjetiva e instantânea em três recortes temporais, criando uma relação de memória. Fazendo uma comparação com O Resgate do Soldado Ryan (1998), que é um filme heroico de Steven Spielberg, Dunkirk é um filme humano e subjetivo, que mostra o medo e o desespero. As posições e marcações de cena são interessantes, pois fazer cena de guerra é complicado, é um turbilhão de coisas acontecendo na tela”.

O Destino de Uma Nação (2017)

Bruno Gouveia diz que filmes sobre figuras políticas se tornaram uma tendência, fazendo referência ao longa A Dama de Ferro (2011) e à série The Crown (2016). O Destino de Uma Nação é um filme que trata sobre a investida de Winston Churchill contra o exército alemão na Segunda Guerra Mundial.

“Há uma necessidade de arquivo de memória durante a produção de um filme que aborde essas circunstâncias. Desenharam uma Margaret Thatcher bastante rascunhada, ela não foi uma peça bem-abordada. Churchill também não, pois era violento na vida real. Inclusive, o intérprete do primeiro ministro, Gary Oldman, está sensacional. A qualidade de maquiagem e interpretação está impecável. Porém deve-se considerar não só a obra, mas também o que ela traduz ao público”.

Mais indicados

Além dos filmes citados, concorrem ao prêmio de Melhor Filme os longas Me Chame Pelo Seu Nome (2017), Corra! (2017), Lady Bird - A Hora de Voar (2016), Trama Fantasma (2017) e Três Anúncios Para um Crime (2017).

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Produção: Luciano Santos
Revisão: Jáder Cavalcante e Débora Santos
Fotos: Reprodução
Lugar: Cidade Universitária Dom Delgado
Texto: Rodrigo Bomfim
Última alteração em: 31/01/2018 12:18