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2018

Por que devemos fazer de 2018 o ano da Educação?

por Ricardo Falzetta

Educação em 2018

De acordo com a Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, entre os países com as maiores concentrações de renda do mundo está o Brasil, onde 1% dos mais ricos detêm cerca de 30% da riqueza nacional. Estamos tão anestesiados por notícias como essas que nos escapa que tal exclusão espalha-se por todas as esferas da vida social, o que inclui a Educação. Apesar de o Brasil ter registrado um aumento de riqueza absoluta do País ao longo dos anos, o abismo entre os brasileiros continua cerceando as oportunidades: entre a população adulta, os mais pobres têm, em média, quatro anos a menos de escolaridade.

Tais disparidades emergem de diferentes maneiras ao longo da trajetória escolar dos grupos em situação de maior vulnerabilidade, tendo início já na Primeira Infância. O número de crianças de 4 a 5 anos de famílias mais pobres fora da escola é quatro vezes maior que o de famílias ricas. Ainda que haja uma queda nessa distância, para os adolescentes entre 15 e 17 anos essa razão é de 2,5 vezes. Ou seja, muita gente fica pelo caminho.

O número de alunos que não estão acessando o conhecimento que lhes é de direito é muito maior. A alfabetização, saber básico para avançar na escola, deveria ser garantida a todos os estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental, no entanto, a diferença entre crianças ricas e pobres nesse sentido é muito grande. De acordo com os dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) 2016, de cada 10 crianças que não conseguem ler de maneira adequada, sete são pertencentes às famílias de nível socioeconômico mais baixo.

Entre negros e brancos também perpetuamos uma diferença que, segundo os especialistas, não se limitam apenas às diferenças econômicas, mas também aos roteiros históricos de diferentes grupos étnicos. Dos adolescentes que não concluem o Ensino Médio, 67% são pardos e pretos.

Ou seja: não adianta buscar uma nação próspera para o ano de 2018 se a nossa ineficiência teima em estacionar nos mesmos endereços. É tempo de perseguir um País mais justo, mais igualitário e que não permita que a Educação seja um privilégio de poucos.

Uma das ferramentas que precisam estar no radar dos especialistas, mídia e, claro, todos os cidadãos, é o fundo de financiamento da Educação Básica. Apesar de o tema ser complexo, o motivo para tê-lo na mira é simples: a distribuição de recursos entre os estados e municípios determina grande parte dos recursos que chegam às escolas, onde os desafios de material e suporte erguem-se. A Câmara dos Deputados está debatendo mudanças importantes em relação à distribuição dos recursos educacionais e essa é a chance de darmos mais dinheiro para quem mais precisa: estados e municípios mais pobres.

Certamente essa é apenas uma das muitas medidas necessárias para equilibrar as chances educacionais de nossas crianças. A Educação é, junto com a saúde, o principal alvo do desvio de verbas. Também vivemos com o desafio de reverter a desvalorização de nossos professores e fazer deles profissionais bem-pagos, motivados e desafiados a dar aulas criativas e instigantes.

Todos temos nossas tradições de fim de ano, não? Então façamos uma promessa social para o próximo ano: falemos ainda mais de Educação Pública, trabalhemos ainda mais para que as oportunidades sejam as mesmas para todos os alunos independentemente da região, classe social ou cor da pele. Quanto mais mobilizados, mais próximos estaremos de ter uma Educação para todos.

 

Com a colaboração de Pricilla Kesley, jornalista do Todos Pela Educação*

Devido às festas de fim de ano, a coluna entrará em recesso até o dia 07/01.

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